O que a mente não cria, o coração não sente.
A frustração causada pela idealização excessiva.
Existe uma frase muito usada na filosofia budista: ‘Uma vez que você abandona as expectativas, você aprende a viver.’ É bem clichê, daquelas frases que a gente lê por aí de vez em quando. Mas, no fim das contas, está certa.
Acho que te criei no interior da minha mente.
Sylvia Plath
No poema Canção de Amor da Jovem Louca, Sylvia Plath escreve: "Acho que te criei no interior da minha mente." Essa frase é interessante e pode ser aplicada a tudo. Idealizamos pessoas, momentos, sentimentos, e até uma versão perfeita de nós mesmos. São tantas expectativas que, no fim, nada é capaz de satisfazê-las.
A idealização nos impede de ver as coisas como elas realmente são.
Quando se é uma dessas pessoas que idealiza tudo, das coisas mais simples aos aspectos mais importantes da vida, nada nunca é bom o suficiente, mesmo quando tudo vai bem, e a explicação para isso é simples: nada acontece exatamente como esperamos. A idealização é como um espelho distorcido, ela nos devolve uma imagem deturpada—às vezes grande demais, às vezes menor do que realmente somos, mas nunca real.
A realidade é o cemitério das expectativas.
Na idealização, tudo é perfeito, e quando voltamos à realidade e percebemos que ela não corresponde às expectativas, é como um soco no estômago. E a cada frustração, a idealização se torna um refúgio constante, onde podemos criar cenários perfeitos que, no fundo, sabemos que jamais serão reais.
Viver nesse mundo de expectativas excessivas nos impede de avançar na realidade. O desejo de viver em um mundo onde tudo segue o nosso roteiro nos faz esquecer que, mesmo com suas imperfeições, a realidade deve ser vivida, pois é a única coisa que realmente temos.
O problema não é a expectativa, e sim o excesso dela.
É inerente ao ser humano imaginar como algo vai ser. O problema está em se prender a isso. Viver sempre sob expectativa é se condenar à insatisfação.
É difícil parar de idealizar, nos acostumamos a esperar que as coisas aconteçam exatamente como queremos, mas a verdade é que infelizmente, a vida não funciona assim. E, por mais difícil que seja, às vezes aceitar isso pode ser mais fácil do que forçar o que não é.
A vida, acredita, não é um sonho.
Emily Brontë
Obrigada por ler, até logo.
o movimento hare krishna, propaga que a causa do sofrimento é o apego. o ser humano, para além de viver no mundo da idealização, se apega a essa idealização, e é esse apego à expectativa que gera frustração e dor. ao criarmos imagens perfeitas sobre como as coisas deveriam ser, nos distanciamos da realidade e nos tornamos reféns das nossas próprias projeções. o desapego, então, surge como uma alternativa para lidar melhor com as incertezas da vida, permitindo que aceitemos as situações como são, sem nos perdermos em ilusões.
Essa reflexão sobre a idealização e as expectativas me tocou profundamente. Muitas vezes nos vemos criando imagens e cenários perfeitos na mente, como se pudesse controlar o que está por vir. Mas, como você bem disse, a realidade é o cemitério das expectativas. Quando o que imaginamos não acontece como esperávamos, sentimos essa frustração, esse vazio que nos lembra que não podemos controlar tudo. A frase de Sylvia Plath, "Acho que te criei no interior da minha mente", é realmente poderosa, porque nos faz questionar até que ponto somos nós mesmos que moldamos as pessoas, os momentos e as situações de acordo com nossos próprios desejos e expectativas. E no final, isso nos distancia da realidade, das coisas como realmente são. Não conseguimos ver o que está diante de nós, porque estamos sempre em busca de algo que talvez nunca venha, ou que venha de uma forma diferente do que esperamos.